"O amor é a força mais sutil do mundo." -- Mahatma Gandhi

segunda-feira, 28 de março de 2011


O mundo precisa sim

O mundo precisa sim de poesia,
tanto de poesia quanto de sensatez,
de respeito, de soliedariedade,
de cooperativismo, de dignidade,
de conhecimento, de honestidade,
de fraternidade, de harmonia,
de justiça, de paz, de bondade...
Para que a poesia não nos $eja falada em vão. 
                          Isabel Pakes




Minha eternidade

Conduze-me ao teu infinito!
Deixa-me romper-te
como o sol rompe a noite.
Eu quero afugentar os teus temores,
teus pesares, tuas dores...
Eu quero iluminar-te em larga aurora
num eterno amanhecer!
Quero-te claro como o dia,
sem segredos, inteiro!
Quero-te na plenitude do teu ser.
 
Conduze-me ao teu infinito!
Deixa-me lançar-me em tua vida
como uma aeronave no espaço etéreo.
Eu quero desvendar os teus mistérios,
descobrir-te como um novo mundo
e exilar-me em ti, confiar-me a ti,
compor contigo uma unidade,
esquecer-me em teu amor
como se fosse a minha eternidade!

                                   Isabel Pakes

Poesia vencedora em composição e interpretação
no 1º FEPOC - Festival de Poesia de Cerquilho - SP (1986)




sábado, 26 de março de 2011



Mal-traçadas


- Oi.- Pode falar.
- Falar o quê?
- Ué, você botou o travessão na frente. Travessão se usa quando a gente vai falar alguma coisa. Vai, desembucha.
- Até aí estamos quites, você também tá usando travessão.
- Usei pra responder. Tava quieto no meu canto, por mim ficava mudo e escondido como um tratado de química inorgânica numa biblioteca pública.
- É, você é mesmo de poucas palavras. Nem uma linha quinta-feira passada, nosso aniversário de namoro.
- Nem uma linha uma vírgula! Te deixei uma citação inteira, grifada em vermelho, você é que não reparou. Um trecho lindo da Adélia Prado. Admito que costumo falar pouco, mas antes monossilábico que prolixo. Muita gente fala, fala e não diz coisa com coisa.
- É uma indireta pra mim?
- Você e suas deduções. Entenda como quiser.
- Acho que está mais do que na hora da gente discutir a redação. Ainda não consegui engolir a exclamação que você soltou para aquela vogal saidinha.
- Caramba, isso foi lá no segundo capítulo. Nem lembrava mais disso.
- E depois tem outras coisas, que é bom que fiquem claras de uma vez por todas:
- Ih, Jesus amado, colocou dois pontos. Agora o discurso vai longe. Me poupe, pula uns oito ou dez parágrafos, esse texto eu já conheço. Vai direto pra última frase, vai.
- Ad commodum suum quisquis callidus est.
- Pode poupar o seu latim, não estou nem te escutando.
- Kalispera yassas den kataleveno akrivo.
- Definitivamente, o que você fala pra mim é grego.
- Olha, que tal parar com evasivas e encarar a realidade? Vê se cresce...
- Meu amor, aquela letra que você falou não faz meu tipo. Você sabe que eu prefiro as mais encorpadas, corpo 18 ou 20, como você. Nós nascemos um pro outro, morzinho. Vamos juntar os trapos e encher a casa de letrinhas de bula, heim?
- Casar com você? Tá bom... deixa eu terminar meu tratamento anti-serifa que você vai ver só eu desfilar lisinha por aí.
- Já sei, vai se transformar numa verdadeira Helvética Light Condensed.
- Pra você, um legítimo Bookman Old Style Extra Bold, eu tô de muito bom tamanho. Tá vendo o gato daquele G? Um que parece o KK, ali na linha de baixo... então, dizem que tá enrabichado por mim e que até fez um acróstico em minha homenagem.
- Não foi isso o que L disse pro meu til. A versão que eu conheço é bem diferente.
- Tá com ciúme, bem? Hã?
- O que me magoa é essa sua ingratidão. Eu te tirei daquela vida gramaticalmente desregrada, te levei pra morar numa obra decente, de autor famoso, com capa dura e nota de rodapé.
- Nem me fala, essa página eu prefiro rasgar. Foi um erro tão crasso que até o Pasquale comentou na coluna dele.
- Devia ter te deixado lá, jogada às traças naquele sebo de subúrbio, no meio da pilha de gibis do Bidu. Você renega a própria história.
- A história toda, não. Só alguns capítulos muito mal-escritos...
- De novo sendo reticente. Fala com todas as letras o que tem que dizer, poxa. Pra mim o que você quer mesmo é voltar pro Epílogo, aquele seu caso que acabou terminando mal, lembra?
- Lembro sim, foi no tempo em que você saía com a Resenha, a venenosa que falava muitíssimo bem da sua pessoa pra todo mundo.
- Agora chega. Com você não tem diálogo.

Texto de Marcelo Sguassábia, redator publicitário,
cronista de várias revistas eletrônicas.
 

quinta-feira, 24 de março de 2011



Caminho de tantos pés 
 
Leva-me o trem da saudade à borda do céu azul,
remanseando sereno no espelho azul do lago,
na casa de minha avó, hospedeira de minhas asas,
onde de quando em quando me embalava no teu seio,
em brancas vestes levada na procissão de São João,
seguindo os passos da fé: meu pai, minha mãe,
meus irmãos.
 
Chão verde que percorri e contemplei das alturas,
meus pés trilhando caminhos, caminho de tantos pés...
Repouso para meu olhos, meu coração e minha alma,
em leitos de água e de pedra, de relva fresca e de palha.
Velavam-me as construções de antigas formas e raras.
 
Histórias da tua história, relíquias da minha memória,
enluaradas no lago em tuas místicas noites,
pairadas sobre o teu morro cuja encosta venci
na juventude do tempo do tempo que já vivi.
Histórias da minha história, verde chão onde nasci.


Isabel Pakes

Poesia publicada no livro "Histórias Ilustradas de Ypanema e do Araçoyaba"
de Gilson Sanches, Editora Create - Sorocaba/SP. 1ª Edição. Ano 2011



Quando a arte se mistura
       de Irani Alves Genaro

Belo é o dia quando a arte se mistura. . .
No céu azul, clara luz, tudo suaviza;
E o bem que vem do Criador à criatura,
Se faz sentir até no sopro de uma brisa.


E nesse encanto astral unem-se os mundos!
O éter germina, espalha no espaço,
Sons cristalinos, tão envolventes e fecundos,
E a natureza nos envolve em seus abraços.


O tempo passa e o corpo envelhece!
Vivamos, pois, nosso tempo de ventura,
Pois teu querer entre meus lábios é uma prece...


Vem, dá-me tua mão, meu bem, vamos juntinhos,
Caminhar nesta manhã a céu aberto...
Vem, que por nós cantam de amor os passarinhos.


Irani Alves Genaro é poetisa, escritora, artista plástica,
compositora, regente, professora, Detentora da cadeira
n.º 28 da Academia Sorocabana de Letras.


Imagem Google

segunda-feira, 14 de março de 2011

14 de março - Dia Nacional da Poesia

"A poesia é mais fina e mais filosófica do que a história; porque a poesia expressa o universo, e a história somente o detalhe." (Aristóteles)

 

Os poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mario Quintana - Esconderijos do Tempo



Imagem Google

quinta-feira, 3 de março de 2011



Aonde vai


- Aonde vai, menino?
- Aonde me leva o sonho.

- Aonde vai, rapaz?
- Aonde me leva a ilusão.

- Aonde vai, senhor?
- Aonde me leva o destino?

- Aonde vai, vovô?
- Pegar carona no sonho do menino.

                           Isabel Pakes


   Portinari - Meninos soltando pipas
Imagem Google