"O amor é a força mais sutil do mundo." -- Mahatma Gandhi

sexta-feira, 29 de abril de 2011




"No mundo nada mais existe a não ser o amor. Qualquer que ele seja."  Pablo Neruda







segunda-feira, 25 de abril de 2011



Divina simbiose

O Homem lavra a terra
que acolhe a semente
que gera a flor
que produz o nectar
que alimenta a abelha
que o transmuta em mel
que alimenta o Homem
que se reconhece
centelha do Criador,
que traz à luz a semente
no conjugar do Verbo
perpetuando a Vida
cooperando Amor.

                               Isabel Pakes




Imagem Google


"O fim da arte é quase divino:
ressuscitar, se faz história;
criar, se faz poesia."

Victor Hugo


quinta-feira, 21 de abril de 2011



 Quando você voltar  


Quando você voltar, tudo terá mudado:
o tempo, o clima, a paisagem...
Ramas novas terão brotado,
passarinhos deixado o ninho,
homens terão... passado.
 
Quando você voltar
não encontrará o velho espelho camarada
que demorava, às vezes, meses
para alterar um só dos seus sinais.
Sua ausência causou nele um dano irreparável!
Seu reflexo envelheceu antes da hora e agora
não há como remover os traços que  revela a mais.
 
Quando você voltar a água terá se reciclado tanto...
O que era rio já foi mar, nuvem, neve...
Já percorreu imemoráveis distâncias!
Aquelas lágrimas que foram suas
talvez, hoje, orvalhem a relva, quem sabe sob que pés?
Talvez banhem uma criança... uma esperança!
E a mágoa convertida tenha, enfim, o seu revés!
 
Quando você voltar tudo terá mudado!
A vida terá levado os dias que foram maus
e os que não foram também.
Contudo, terá ficado no seu álbum de lembranças,
registros de um aprendizado que só vivendo se tem.
Nunca mais o mesmo engano, nunca mais o mesmo medo...
Nunca mais a mesma dor! Nunca mais!
E, no universo dos seus versos, para mitigar desenganos,
a essência da poesia que não mudará jamais!


                                      Isabel Pakes

Imagem Google

sábado, 16 de abril de 2011




O Caminho da Vida





O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos.


A cobiça envenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódios... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios.


Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria.


Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.


Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.


Charles  Chaplin - em seu último discurso no filme "O Grande Ditador".


Imagem Google
 


Haikai


Calam-se os grilos,
pipilam os pássaros...
Bom dia, dia!

                                         Isabel Pakes

      Imagem Google                                                                                                                             

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Michelangelo - pintor, escultor e poeta.


Poema de Michelangelo


Só com fogo o ferreiro estende
à idéia cara e seu melhor lavor,
nem sem fogo um artista o ouro, em fervor,
no seu mais alto grau afina e rende.

Nem mesmo fênix outra vez se prende
se antes não arde. E eu, se morrer no ardor,
mais claro espero entre esses me repor
que a morte acresce, e o tempo não ofende.


 Michelangelo Buonarroti (1475-1564), um dos maiores gênios da humanidade, encontrou na poesia um modo de dar vida àquilo que só as palavras podem expressar. Escreveu cerca de 300 poemas.





sábado, 9 de abril de 2011



Transmutação


Vi esgarçarem-se os véus e a névoa dissipar-se...
E no espocar das lágrimas, meu sonho vi
como num flash
dimensionar-se aqui, magnífico e palpável:
meu mundo modificado, impregnado de amor!
E tudo estava nele! E só o esprecto de mim...
 
Foi um estado novo que experimentei, atônita!
A dor parindo o riso...!
E ao grito surdo de minh'alma em êxtase
ruíram-se as muralhas à volta do meu ser.
 
Sou livre, agora! Posso ir-me.
Devo tomar no sonho o lugar 
onde o sonhar a mim tem projetado.
Os despojos do que fui... 
Que deles se ocupem aqueles que ainda dormem.
Nada mais são que pó e ao pó devem tornar.
 
Vou dar-me à vida! Soprar-me...
Transmutar o eu em mim.
Tornar verdade o que sonhei, aqui
onde todos estão, só eu que não...
...estava.

                                           Isabel Pakes






"A poesia é um nexo entre dois mistérios:

o do poeta e o do leitor." - Dámaso Alonso

Imagem Google

quarta-feira, 6 de abril de 2011


A Essência da Poesia


Não aprendi nos livros qualquer receita para a composição de um poema; e não deixarei impresso, por meu turno, nem sequer um conselho, modo ou estilo para que os novos poetas recebam de mim alguma gota de suposta sabedoria. Se narrei neste discurso alguns sucessos do passado, se revivi um nunca esquecido relato nesta ocasião e neste lugar tão diferentes do sucedido, é porque durante a minha vida encontrei sempre em alguma parte a asseveração necessária, a fórmula que me aguardava, não para se endurecer nas minhas palavras, mas para me explicar a mim próprio.

Encontrei, naquela longa jornada, as doses necessárias para a formação do poema. Ali me foram dadas as contribuições da terra e da alma. E penso que a poesia é uma ação passageira ou solene em que entram em doses medidas a solidão e solidariedade, o sentimento e a ação, a intimidade da própria pessoa, a intimidade do homem e a revelação secreta da Natureza. E penso com não menor fé que tudo se apoia - o homem e a sua sombra, o homem e a sua atitude, o homem e a sua poesia - numa comunidade cada vez mais extensa, num exercício que integrará para sempre em nós a realidade e os sonhos, pois assim os une e confunde.

E digo igualmente que não sei, depois de tantos anos, se aquelas lições que recebi ao cruzar um rio vertiginoso, ao dançar em torno do crânio de uma vaca, ao banhar os pés na água purificadora das mais elevadas regiões, digo que não sei se aquilo saía de mim mesmo para se comunicar depois a muitos outros seres ou era a mensagem que os outros homens me enviavam como exigência ou emprazamento. Não sei se aquilo o vivi ou escrevi, não sei se foram verdade ou poesia, transição ou eternidade, os versos que experimentei naquele momento, as experiências que cantei mais tarde.

De tudo aquilo, amigos, surge um ensinamento que o poeta deve aprender dos outros homens. Não há solidão inexpugnável. Todos os caminhos conduzem ao mesmo ponto: à comunicação do que somos. E é necessário atravessar a solidão e aspereza, a incomunicação e o silêncio para chegar ao recinto mágico em que podemos dançar com hesitação ou cantar com melancolia, mas nessa dança ou nessa canção acham-se consumados os mais antigos ritos da consciência; da consciência de serem homens e de acreditarem num destino comum.

Pablo Neruda, in "Nasci para Nascer" (Discurso na entrega do Prémio Nobel-1971)



segunda-feira, 4 de abril de 2011



Revivescência
 
Deixa refluir o vento...
Depois, quando no limiar da hora
for se desintegrando a noite
aos primeiros raios da esperada aurora,
há de a tempestade amainar-se
e se fazer bom tempo!
 
E há de brilhar o sol
como se, do eterno, na manhã primaz!
 
E soprará a brisa,
renascerão as flores,
revoarão os pássaros...
Toda a natureza se pontuará de luz!
 
E na memória,
nada a se lembrar do que foi mal passado,
nenhum resquício.
Porque aos ares da bonança
profundamente se alteram
as sementes dos abrolhos.
 
Tudo será novo, 
como no despertar do sétimo dia!
 
E haverá calma e doçura...
a quem de boa vontade.

                                 Isabel Pakes



Imagem Google

sábado, 2 de abril de 2011



Haicai

Sonhos de crianças,
seara da Esperança.
Frutos do amanhã.

                                                       Isabel Pakes



Imagem Google