"O amor é a força mais sutil do mundo." -- Mahatma Gandhi

sábado, 27 de agosto de 2011




Por que hesitas? 


Não sabes há quanto te observo...
Por que hesitas?
Por que teimas em deitar teus olhos em longes paisagens,
quando aprendeste a brevidade do caminho?
Não te foi bastante o tempo escoado no ontem?
Só tens o hoje a percorrer.
O teu trajeto no amanhã, acaso já o tens traçado?
Não te move ver fluindo para o nada
o mel que deixas escorrer das mãos,
dádiva rara a uns poucos seletos como tu?
Acaso tens onde encontrar melhor doçura e sustância?
Já o tiveste antes?
O que almejas não virá dos lados do horizonte
onde a noite esconde o dia,
e sim do fogo inextinguível que crepita no teu íntimo
 e arde sem ferir.
Por que te esquivas do seu lume?
Por que te permites o malogro,
pensar que podes abafar suas chamas?
Acaso podes suplantar em ti a eternidade?
Não te apercebes de onde chega o facho que te alumia?
O que fazes negar a ti mesmo

não tens como esconder da brisa,
que, inocente, esparge largamente
o exalar da  flor de onde o mel te foi trazido.
Acaso carece ao devaneio a vestimenta das palavras?
Então, não é na profunda vastidão do silêncio,
que o Cosmo entrega seus segredos?
Estende teus olhos para dentro de ti, esse é o caminho.
Firma teus passos e segue teus íntimos apelos.
Sê fiel à tua verdade, à tua vontade, trabalha tua coragem,
dissipa tuas dúvidas, liberta-te, ama e sê feliz.

                                        Isabel Pakes

Rosa de Galáxias - Imagem NASA

quarta-feira, 24 de agosto de 2011



Poeta


Teu ego a descoberto,
teus sentimentos, tuas emoções,
tuas alegrias literalmente expostas,
tua saudade rimando à Auroras, Amélias e Marias...
teus desabafos, teus apelos, teus cuidados,
teu coração pulsando cá do teu lado de fora - tuas agonias,
tua morte de cada dia, tua alma exteriorizada,
teu inferno, teu céu, tua vida tanta vezes renascida,
teus êxtases, teus sonhos, teus delírios...
Teu ser em minhas mãos - tua poesia!

Teu demônio me tentando
teus pecados me pervertendo
teu anjo me guardando
teu amor me absolvendo
tua sina me encantando
tua arte me seduzindo
tua essência escorrendo em mim
pelas entrelinhas
minha alma se entregando à tua estesia
tuas musas fecundando as minhas
meus versos vindo à luz...
Meu ser em tuas mãos!


                                                     Isabel Pakes





sexta-feira, 19 de agosto de 2011




Peregrina


Guardo-me no Amor, ao sol de eterna luz.
Recosto nele minhas inquietudes
e em sua paz descanso os meus dias.
E dele me alimento.
São sempre doces os seus frutos
e fartos,
e a água sempre pura,
onde banhar minh’alma,
me desprender do pó
deste meu frágil e efêmero estado,
peregrina que sou, nesta esfera.

                                                   Isabel Pakes



Imagem Google


domingo, 14 de agosto de 2011

Descarte


Li o teu poema mais recente, sequiosamente!
Cuidava que seria para sempre a tua musa
e vaidosa me encontrar, como de costume,
envolta às carícias de teus versos.
Li com o coração aos pulos, sofregamente
e ao fim...
Salgou-me o riso inda latente o pranto inesperado.
Mas não pude, em meu orgulho,
admitir-me em meios aos teus descartes,
mesmo porque (pensei)
não poderias arquivar-me em teu passado,  
simplesmente.
Não a mim, que do amor te preparei a melhor mesa
e ambrosias te servi. Não a mim...
Tranquilizei-me à mão desse argumento
e como quem sai a procurar algo perdido
reli o teu poema, desta vez com mais vagar.
Vasculhei-o palavra por palavra buscando qualquer coisa,
qualquer coisa, mesmo que de leve me lembrasse
e ao fim...
Ao fim se me rompeu o riso represado
num espocar ruidoso e convulsivo.
De um modo bem discreto, quase escondido,
meu nome desfiado iniciava
cada verso que compõe o teu poema,
onde me enalteceste como jamais me pensaria.
Porém nada disseste do amor, nem da saudade,
num jeito bem sutil de me dizer adeus.


                               Isabel Pakes




Imagem Google


quinta-feira, 11 de agosto de 2011


Haikai

Poesia dourada
à beira da estrada.
Ipês de agosto em florada.

                                                         Isabel Pakes