"O amor é a força mais sutil do mundo." -- Mahatma Gandhi

domingo, 14 de agosto de 2011

Descarte


Li o teu poema mais recente, sequiosamente!
Cuidava que seria para sempre a tua musa
e vaidosa me encontrar, como de costume,
envolta às carícias de teus versos.
Li com o coração aos pulos, sofregamente
e ao fim...
Salgou-me o riso inda latente o pranto inesperado.
Mas não pude, em meu orgulho,
admitir-me em meios aos teus descartes,
mesmo porque (pensei)
não poderias arquivar-me em teu passado,  
simplesmente.
Não a mim, que do amor te preparei a melhor mesa
e ambrosias te servi. Não a mim...
Tranquilizei-me à mão desse argumento
e como quem sai a procurar algo perdido
reli o teu poema, desta vez com mais vagar.
Vasculhei-o palavra por palavra buscando qualquer coisa,
qualquer coisa, mesmo que de leve me lembrasse
e ao fim...
Ao fim se me rompeu o riso represado
num espocar ruidoso e convulsivo.
De um modo bem discreto, quase escondido,
meu nome desfiado iniciava
cada verso que compõe o teu poema,
onde me enalteceste como jamais me pensaria.
Porém nada disseste do amor, nem da saudade,
num jeito bem sutil de me dizer adeus.


                               Isabel Pakes




Imagem Google


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