"O amor é a força mais sutil do mundo." -- Mahatma Gandhi

quarta-feira, 12 de outubro de 2011



Sonho clarinho


- Vovozinha, eu vou dormir,
mas, não apague a luz, 
tenho medo do escuro,
medo do bicho-papão.

- Quando dorme, meu amor,
não se fecham os seus olhinhos?
- Sim, sim, já estão fechando,
estou com muito soninho.

- E o que vê de olhos fechados?
- Nada, só a escuridão.
- E desse escuro aí dentro,
você não tem medo, não?

- Não, porque aqui dentro
o escuro não demora,
eu estou quase dormindo,
já, já ele vai embora.

- Como assim, vai embora?
Não entendi, amorzinho.
- É que dormindo, eu sonho
e o meu sonho é bem clarinho!

- Então, eu posso apagar a luz...?
- Hum... está bem, pode apagar,
mas espere, vovó, só depois
que o meu sonho começar.

- Oh, meu amor, como vou saber?
Eu vou ter que adivinhar?
- Ah, vovó, você também vai estar
lá dentro do meu sonhar!
(Deborah Aline Pakes Ferraz, aos 3 anos)

                                        Isabel Pakes

Imagen Google


2 comentários:

  1. Que coiisa mais doce, delicada e meiga! As vovós que habitam os sonhos das crianças são como fadas: contam histórias, cantam, dormem junto e, após muito anos tornam-se as mais íntimas amigas daquele pequenino ser que, após adulto, ainda sonha clarinho , pois pode desfrutar da magia do diálogo que lhes serenou a mente quando tinha medo da luz apagada! Quantas vezes apagam-se as luzes em nossa vida? Se não tivermos figuras importantes morando em nosso mundo interno, como suportar a dor da escuridão?
    Maravilhoso, querida poeta Isabel!

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  2. Magnífico, Isabel!
    Que bom seria se todos nós adultos, ainda tivéssemos essa doçura de criança... tudo seria mais claro, mais límpido, o mundo seria mais aconchegante e a vida não seria triste, nem fria, nem escura... a vida seria uma estrela radiante, e um sonho maravilhoso!!

    Beijos!

    Najla.

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