21 DE MARÇO
Em comemoração ao Dia Mundial da Poesia,
presto homenagem a um grande amigo poeta,
publicando aqui uma de suas obras.
POETA
A cada momento de divagação
sente o poeta brotar-lhe no cérebro
gotículas alfabéticas que preguiçosamente escorrem
por sua veia literária e esvaem pela ponta da caneta.
Viaja o poeta no tempo, na asa do pensamento,
não lhe importa o transcorrer das horas.
O importante é o sentimento momentâneo,
que o inspira de forma tal
e o empurra ao encontro do papel.
Em seu isolamento temporário,
entregue de corpo e alma ao trabalho criativo,
não se importa com o produto final.
Utiliza, como matéria prima, seu dom divino.
Ao poeta cabe transcrever idéias,
aos leitores deixa a apreciação final.
A imortalidade da sua obra é mero critério
de quem, de uma forma ou outra,
conhecer os seus trabalhos.
Nem sei dizer se, com um julgamento mais apurado,
o poeta não será um enviado de Deus,
destinado a amenizar, com suas letras,
os caminhos tortuosos dos espíritos desesperados,
ou se mero porta - voz das coisas belas e fortuitas
da existência terrena.
Cada poeta carrega consigo uma responsabilidade enorme,
pois, vezes sim, vezes não, escreve coisas que não quer -
- nunca o que não sente / mesmo
que só para registrá-las / mesmo que só para si.
Talvez depois de décadas, amareladas as páginas
de muito dormidas, gerações vindouras lhe reconheçam
algum valor. Será...!
Por certo, o poeta é médico.
Por certo, o poeta é louco.
Ruy Silva Santos - membro do -NUCAB -
Núcleo da Cultura Afro – Brasileira,
da Academia Sorocabana de Letras
e do Conselho Municipal da Cultura de Sorocaba/SP