Retrato falado
De olhar expressivo
que o tempo, parece, não quer violar.
Em estado de novo, sem jaça.
Como se os ventos de outono
jamais hovessem soprado.
Como se o brilho da luz da primeira hora
nele tivesse se perpetuado.
De sonhos azuis
onde ilhou seu castelo
e com seu príncipe valente
para sempre se escondeu.
Lá o amor é seu senhor!
E não há dores nem prantos,
nem sinais de trovoadas,
nem mesmo bruxas malvadas
(por mais que lhe tentem o espanto)
que a façam despertar.
De sorriso vivaz,
no embalo da ciranda
sempre, sempre a cirandar.
Como se as flores da infância
se guardassem indeléveis
e se pudesse colhe-las
num breve estender de mãos.
Como se a inocência
pudesse a qualquer momento
ser facilmente resgatada
de entre as folhas ingênuas
do seu livrinho de estórias,
aquele seu preferido,
guardado em sua memória.
Mulher, moça e menina.
Três almas numa Maria!
Augustas são todas elas,
não porque Augusta a chamaram,
mas porque augusta se fez!
Isabel Pakes
Dedicado a Maria Augusta Amorim Nunes, uma amiga muito querida. (1992)
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