"O amor é a força mais sutil do mundo." -- Mahatma Gandhi

terça-feira, 27 de novembro de 2012






Deslizou a luz do dia
pelo manto da noite
respingando estrelas.
Voltará ao arrebol
para recolhê-las
e se recompor em sol.

                                                    Isabel Pakes




sábado, 17 de novembro de 2012




“Lá”

 
Existe um lugar de encantamento em que eu desperto sempre que o cansaço terreno carrega comigo para as profundezas do sono. Azul! Muito o azul é o céu e o sol translúcido lampeja dourando a Vida - única e inesgotável -  na limpidez das águas fluindo, tangendo a tudo e a todos, equiparando-os.  Lá não existe o outro. Todos são Um!

As terras estendendo-se em verdes a perder de vista têm o aspecto de um vasto tapete macio e sedoso em que se pode caminhar milhas sem se sentir os pés. Essas terras não germinam ervas daninhas e as flores que delas brotam são intensamente perfumadas, que o ar tem o gosto do néctar. Lá, em se respirando se alimenta!

Os animais não temem os homens. Antes, se harmonizam com eles, num contínuo processo de decantação da vida. É que os homens de lá vivem com serenidade. São sábios nos costumes. Não abrem feridas na terra, não envenenam o ar, não sangram as águas. São em verdade o que são. Não o que a vaidade os levaria a ostentar. Plenamente, Humanos. Reconhecem-se semelhantes na capacidade de sentir e de amar, semelhantes na luminosidade que emanam, porque se respeitam filhos do mesmo Pai. E as crianças, todas saudáveis, recendem à alegria!

Nesse lugar, onde a paz é uma constante, tudo causa a impressão nítida de transparência. Tudo, desde as pedras...  E ao vir a noite, uma infinidade de estrelas multicoloridas e um luar resplandecente,  de beleza incomum, asseguram-me que não erro em minha visão.

Quando chego lá, levada pelo abandono de minha consciência, pareço levitar tal a leveza que assumo, ao mesmo tempo, fortalecida pela energia que concentro. E quando volto de lá, à revelia de meu íntimo, só um pensamento me ocorre: Viver! Viver intensamente a esperança e nunca, nunca permitir que as agruras deste tempo demovam de mim a fé em um dia verdadeiramente despertar “lá”, nesse mundo bem melhor! 

Isabel Pakes

Imagem Google

sábado, 10 de novembro de 2012




Déjà vu


Um olhar ocasional, 
um frêmito espontâneo
e o coração pulsa mais forte.
O corpo vibra. Emoção...
Energia. Luz que se emite e permeia...
Flash de memória transcendental. Déjà vu.
Um instante de intensa euforia
num sentir que não se sabe ainda discernir.
Centelha que brilha e se recolhe sob o véu do tempo, 
para num outro dia ressurgir. Magia.
Incógnita que se busca e se faz saber
ao seu tempo de compreender. Consciência.
Almas em aparente distanciamento caminho afora,
lado a lado caminho adentro. "Ímãs". 
Comprazem-se no riso e arrimam-se na dor...  Equilibram-se
no ponto de "aderência" - afinidade - sintonia. Harmonia. 
Aprimoram-se... Ajustam-se... E se entrelaçam, enfim.
Se não ainda, por mais uma vida inteira,
numa outra vez... nos mesmos "eus". 
Que a carne não consome 
o que no espírito se concebeu. Amor.


                                               Isabel Pakes