“Lá”
Existe um lugar de encantamento em que eu desperto sempre que o cansaço terreno carrega comigo para as profundezas
do sono. Azul! Muito o azul é o céu e o sol translúcido lampeja dourando a Vida
- única e inesgotável - na limpidez das águas fluindo, tangendo a tudo e
a todos, equiparando-os. Lá não existe o outro. Todos são Um!
As terras estendendo-se em verdes a perder de vista têm
o aspecto de um vasto tapete macio e sedoso em que se pode caminhar milhas sem
se sentir os pés. Essas terras não germinam ervas daninhas e as flores que
delas brotam são intensamente perfumadas, que o ar tem o gosto do
néctar. Lá, em se respirando se alimenta!
Os animais não temem
os homens. Antes, se harmonizam com eles, num contínuo processo de decantação
da vida. É que os homens de lá vivem com serenidade. São sábios nos costumes. Não
abrem feridas na terra, não envenenam o ar, não sangram as águas. São em
verdade o que são. Não o que a vaidade os levaria a ostentar. Plenamente, Humanos. Reconhecem-se semelhantes na capacidade de sentir e de amar, semelhantes
na luminosidade que emanam, porque se respeitam filhos do mesmo Pai. E as
crianças, todas saudáveis, recendem à alegria!
Nesse lugar, onde a paz é uma constante, tudo
causa a impressão nítida de transparência. Tudo, desde as pedras... E ao
vir a noite, uma infinidade de estrelas multicoloridas e um luar
resplandecente, de beleza incomum, asseguram-me que não erro em minha
visão.
Quando chego lá, levada pelo abandono de minha
consciência, pareço levitar tal a leveza que assumo, ao mesmo tempo, fortalecida pela energia que
concentro. E quando volto de lá, à revelia de meu íntimo, só um pensamento me
ocorre: Viver! Viver intensamente a esperança e nunca, nunca permitir que as
agruras deste tempo demovam de mim a fé em um dia verdadeiramente despertar “lá”,
nesse mundo bem melhor!
Isabel Pakes
Imagem Google
Nenhum comentário:
Postar um comentário