Meus vizinhos do
poste 047
Debaixo de sol ardente ou de chuva forte, com relâmpagos e trovoadas, o casal age sempre da mesma forma. Às vezes a casa
parece vazia, em silêncio, é que ela está lá dentro, ocupada em seus afazeres,
penso que tem ovinhos chocando ou então está focada na arrumação da casa. Vez em vez, vem à porta e quebra o silêncio, chama
pelo companheiro insistentemente. Demora um pouco, mas, ele chega se anunciando:
Bem-te-vi! Bem-te-vi! Pousa no fio à frente dela, conversam...
Tem vez que lhe
traz comidinha no bico ou fios de palha para os reparos da casa, o clima anda muito instável, entrega e sai
novamente, ruflando as asas. Mas, tem vez que se senta juntinho dela, fica um tempo e lá se vai
de novo. Quando está em casa, costumam receber visitas, uma, duas, três ou
mais, que pousam nos fios, bem próximos, e conversam animadamente. O assunto
deve ser sempre muito interessante, pois as "vozes" são entusiásticas, a
barulhada é grande.
É assim desde a entrada do dia até o anoitecer, quando ele
também se recolhe. Choveu pesado de madrugada, lembrei-me deles naquele ninho
aparentemente tão frágil, pobrezinhos - pensei. Aparentemente, pois amanheceu
inteiro, necessitando apenas de alguns reparos à entrada, e os seus moradores acordaram cantando,
felizes!
Isabel Pakes
Imagem BelPakes